sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Um protesto pela volta da exclusão.

Alunos de cursinhos pré-vestibular protestam contra o Enem e a política de quotas das universidades federais.
Extraído do Blog Diário Gauche:

Bem-vindos à luta de classes.



Ontem à tarde, em Santa Maria, região central do estado do Rio Grande do Sul, aconteceu uma manifestação de estudantes que frequentam cursinhos de ensino privado de nível pré-universitário. O ótimo vídeo acima (feito pelo Diário de Santa Maria) mostra quem são esses alunos, todos brancos e filhos da classe média capacitada a pagar ensino privado para os seus filhos e filhas. Veja se você encontra um/a negro/negra nesta multidão de branquinhos com indumentária up to date e de griffe? Procure bem. Veja de novo. Essa rapaziada tem cheiro de Mickey Mouse, no entanto, protestam contra a Universidade Federal de Santa Maria para que a política de cotas seja revista e rejeitada pela Reitoria.

É disso que se trata: luta de classes e, sobretudo, luta de raças.

Hoje pela manhã, tivemos informação que alunos dos cursos privados Universitário, Unificado e Anglo estão visitando escolas públicas da rede estadual de ensino de Porto Alegre visando mobilizar estudantes para uma grande manifestação contra o Enem, nos próximos dias. A coisa tem cheiro de pau-mandado.

É de estranhar que - subitamente - desperte a chama da indignação política em alunos de cursinhos pré-universitários, sabidamente virgens do espírito combativo do reconhecido e autêntico movimento estudantil brasileiro, vanguarda permanente em todas as grandes lutas políticas do Brasil, nos últimos setenta anos (desde 1937, pelo menos, quando da fundação da UNE).

De qualquer forma, é de se estimular a politização dos estudantes da direita brasileira, mesmo que estejam claramente instrumentalizados pelos interesses (ocultos) dos proprietários de escolas privadas de ensino, em todos os graus. O debate aberto e sincero, o conflito mesmo, entre os interesses que se chocam neste episódio do Enem é o melhor caminho para as soluções estratégicas de que necessita a nossa política educacional.

Estudantes brancos, filhinhos de papai e alienadinhos de todo o gênero: bem-vindos à luta de classes! O tio Mickey se orgulha de vocês!

Nota do blogueiro: Ao assistir às cenas desse protesto, lembrei-me do termo "massa cheirosa", de Eliane Cantanhede, da Folha de São Paulo, quando referiu-se à militância do PSDB (clique aqui para ler).
O que interessa a estudantes de escolinhas pré-vestibular privadas? Manter o exclusivismo do vestibular como o único meio de acesso à universidade.
Porque manter o vestibular como o único meio de acesso à universidade? Para que apenas os filhos da elite que pode pagar esses cursinho possa ter acesso ao ensino superior?
Para que manter o acesso exclusivista? Para que tudo fique como está, mantendo os privilégios desses grupos, e ao mesmo tempo, pondo o povão para limpar seus corredores.
É esse o significado desse protesto de "cheirosos", defender o seu quinhão, suas benesses, sua classe.

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