quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Temas derrotados, que precisam continuar derrotados.

Existem temas que já foram discutidos à exaustão, superados pelo fato de serem imorais, anti-éticos, atentatórios contra o que chamamos de direitos humanos e com os princípios mais básicos da civilização: escravidão, racismo, sexismo, pedofilia... Não há como defendê-los. Esses temas estão moral e éticamente superados.

Sua defesa é crime.

Muitos ainda podem pensar em sua superioridade racial, étnica ou de procedência, mas por consenso social, não podem manifestar tais pensamentos, não podem defendê-los publicamente.

Mas as vezes são instigados, e rasgam nosso "contrato social". Sua ira recai contra os mesmos grupos, as mesmas "minorias" (maiorias em número,  minoria apenas em direitos e posses, entnias ou povos historicamente oprimidos, antigamente relegados á condição de cidadãos de segunda ou terceira classe).

A vitória da candidata Dilma Roussef sobre o candidato paulista José Serra, alcançada em todo o país, foi erroneamente creditada por diversos veículos da imprensa corporativa aos habitantes das regiões Norte e Nordeste do País, quando na verdade, ela venceria mesmo se não fossem computados esses votos.

A reação de apoiadores do candidato derrotado, especialmente das regiões Sudeste e Sul, foi nessa linha criminosa, agressiva, covarde, fazendo apologia à esses temas superados (hoje crimes).
Incitados por esses noticiosos deturpados, pediram até mesmo a execução de nordestinos, os classificaram como inúteis, incapazes de fazer uma escolha consciente, assassinos, ladrões e estupradores. Uma pregação semelhante a que deu força aos regimes fascistas do século passado.

Essa imprensa corporativa, incapaz de assumir que foi derrotada, juntamente com seu candidato criou um fato político. A tese de "país dividido", os bons no Sul (Serra é do bem)  e os nordestinos, precedidos de todas as formas de adjetivos pejorativos.

Os resultados foram vistos ontem.

Felizmente as instituições começaram a reação a esses descalabros. A OAB-PE entrou, hoje, na justiça contra as manifestações discriminatórias dos apoiadores de José Serra (como pode ser visto no vídeo montado com essas ilações, que exponho abaixo).

Esperamos que realmente sejam punidos de forma exemplar, como forma de mantermos a coesão nacional e impedir que tais manifestações ultrapassem o campo das redes sociais, chegando às ruas.



Abaixo o texto extraído do site GiroPB:

OAB processa estudante paulista Mayara Petruso por racismo contra os nordestinos

A seção Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) entra hoje, na Justiça de São Paulo, com representação criminal contra a onda de ataques aos nordestinos divulgada por meio do Twitter após a eleição de Dilma Rousseff.

No domingo à noite, usuários da rede de microblogs começaram a postar mensagens ofensivas ao Nordeste, relacionando o resultado à boa votação de Dilma na região.

A representação da OAB-PE é contra a estudante de Direito Mayara Petruso, de São Paulo, uma das que teriam iniciado os ataques.

Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, Mayara deverá responder por crime de racismo (pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa) e incitação pública de prática de crime (cuja pena é detenção de três a seis meses, ou multa), no caso, homicídio.

Entre as mensagens postadas pela universitária, há frases como: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".

- São mensagens absolutamente preconceituosas. Além disso, é inadmissível que uma estudante de Direito tenha atitudes contrárias à função social da sua profissão. Como alguém com esse comportamento vai se tornar um profissional que precisa defender a Justiça e os direitos humanos? — diz Mariano.

Em julho deste ano, a seção pernambucana da Ordem já havia prestado queixa à Polícia Federal contra pelo menos dez usuários do Twitter, por mensagens ofensivas aos nordestinos após as enchentes na região.

- Essas redes sociais são meios de comunicação de alcance nacional, e crimes que ocorram nelas são de ordem federal. São ofensas que atingem a todos os nordestinos, existe um direito difuso aí sendo desrespeitado — completa Mariano, para quem o nível agressivo da campanha pela internet este ano, apesar de não justificar os ataques, pode tê-los estimulado.

No domingo, usuários do Twitter insatisfeitos com a vitória de Dilma começaram a postar frases como "Tinham que separar o Nordeste e os bolsas vadio do Brasil" e "Construindo câmara de gás no Nordeste matando geral".

Como reação, outros usuários passaram a gerar uma onda de mensagens com "#orgulhodesernordestino", hashtag que ficou entre os primeiros lugares no ranking mundial de temas mais citados no Twitter.

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