quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Censura.

A psicanalista Maria Rita Kehl, articulista do jornal O Estado de São Paulo escreveu um texto.
Defendia os programas de proteção social do Governo Lula.
Foi censurada pelos "defensores da liberdade de imprensa".
Sobre política ela não escreve mais. Não seguiu a linha dos patrões.
O texto foi extraído do Blog do Miro:

Por Altamiro Borges

No final da noite desta terça-feira (5) circulou a notícia de que o jornal O Estado de S.Paulo teria demitido a renomada psicanalista Maria Rita Kehl, articulista do diário. Agora, o jornalista Xico Sá informa que “o Estadão não demitiu Maria Rita Kehl, mas exige que ela não escreva mais sobre política. Só psicanálise. Quem explica, Dr. Freud?”. A confirmar qual é versão verdadeira!

Mas, como diz o ditado, “onde há fumaça, há fogo”. Tenha ela sido demitida ou censurada, isto só prova o cinismo dos barões da mídia, que vivem esbravejando sobre a liberdade de expressão e criticando a censura – principalmente para fustigar o governo Lula e para colocar na defensiva os mais vacilantes. Como já ensinou Cláudio Abramo, “a liberdade de imprensa só existe para os donos dos jornais”. O resto é pura bravata sobre neutralidade, imparcialidade e democracia.

Espaço só para colunista da direita

A perseguição à psicanalista teria como motivo artigo publicado por ela na véspera da eleição. O Estadão parece que só aceita colunistas da direita, ligados à seita fascista Opus Dei, ao Instituto Millenium ou aos saudosos da ditadura militar. O artigo de Maria Rita Kehl, intitulado “Dois pesos”, era até cauteloso e, inclusive, fazia elogios ao próprio Estadão. Vale ser lido e relido. (Texto na íntegra aqui.)
 
Eugênio Bucci tem algo a dizer?

Ao estimular a reflexão crítica, principalmente da “classe média” emburrecida pela manipulação midiática, Maria Rita Kehl virou alvo da sanha autoritária da famíglia Mesquita. A máscara do Estadão, já borrada por inúmeros outros episódios, caiu de vez. Seu discurso sobre liberdade de expressão é falso, hipócrita. Os barões da mídia confundem “liberdade de imprensa” com liberdade de empresa, dos monopólios, para enganar os ingênuos. Confirmada a perseguição à altiva psicanalista, é urgente o repúdio do Sindicato dos Jornalistas e das entidades democráticas.

Em tempo: Em 2004, a Boitempo Editorial publicou o excelente livro “Videologias”, de autoria de Maria Rita Kehl e Eugênio Bucci. A psicanalista manteve-se na trincheira, refletindo sobre os riscos da manipulação midiática. Já o jornalista hoje é badalado pelos barões da mídia, fazendo críticas ao governo Lula, do qual inclusive fez parte no primeiro mandato. Para ele, Lula é hostil à liberdade de expressão. Perguntar não ofende: ele também será duro na crítica ao Estadão e prestará solidariedade a Maria Rita Kehl?

Nenhum comentário: