sábado, 19 de junho de 2010

Liberais pedem penico ao Estado...

...novamente.

Tem sido uma tática interessante: Apropriar-se, com dinheiro público (BNDES), do patrimônio público, demitir funcionários para reduzir custos, reduzir o investimento em infra-estrutura, para reduzir custos, aumentar exponencialmente as tarifas, cobradas por serviços muito mal prestados, aumentanto de forma astronômica os lucros da "nova empresa".

O passo seguinte é não pagar o governo. Refinanciar a dívida com mais subsídios estatais, e quando, a concorrência melhor estruturada, apresentando melhores serviços, e possivelmente cobrando menos, começa a ameaçar "seu investimento", imploram ao Estado que intervenha, imponha normas ao MERCADO, interfira na LIVRE CONCORRÊNCIA, em favor do "investimento nacional".

Ou...

Texto do site Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim

Lula vai ter que re-estatizar a BrOi. Ou ceder a uma chantagem

Vasco da Gama e Montezuma vão invadir o Brasil: Solta a grana, Geisel!


O respeitado jornalista Rubens Glasberg, editor da Teletime, a mais importante publicação sobre telecomunicações do país, me contou o presidente de uma empresa da área de telefones estava muito preocupado com a BrOi.

Porque, se a BrOi quebrasse, o sistema brasileiro de telefonia entraria em colapso: a BrOi controla toda a telefonia fixa do país, menos São Paulo.

E provocaria uma onda de estatização incontrolável.

Saiu no Estadão de hoje, na primeira página, e na página B1, reportagem de Karla Mendes – clique aqui para ler “Oi pede ajuda a Lula contra rivais – sócios da Oi se reúnem com Lula e pedem blindagem para evitar tentativa de compra pela Portugal Telecom e proteção contra os mexicanos.

O encontro foi na quinta feira, anteontem, por duas horas e meia.

Segundo uma fonte não identificada (que a repórter do Estadão cita com frases entre aspas – Viva o Brasil !), o presidente Lula “foi receptivo” ao pleito e teria dito a essa fonte: “Não é para vender, não. Pelo contrário.” (olha aí as aspas…)

Participaram da reunião o super-presidente da Oi, Antonio Galotti (*), e os empresários (?) Sergio Andrade e Carlos Jereissati, que entraram no negócio sem botar um tustão.

Esta semana, o Conversa Afiada já tinha anunciado o naufrágio da BrOi, a plataforma P-36 do Governo Lula: clique aqui para ler.

E, no naufrágio, o papel decisivo do passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.

A BrOi não tem bala para competir com a Telefônica de Espanha, com o mexicano Slim da Embratel, nem com ninguém.

Nem para resistir a uma ofensiva dos portugueses da Portugal Telecom.

A BrOi não tem bala para reinvestir e se manter no jogo.

Os consumidores que liguem para o PROCON.

A BrOi também não tem como realizar o sonho secreto dos burocratas do BNDES – que a financiaram com o dinheiro do FAT, do trabalhador brasileiro, e do Erário, ou seja, do povo brasileiro.

Era o sonho de torná-la um “global player”, a sair pelo mundo e competir com a camisa 10 da seleção brasileira nos mercados da Alemanha, da Suécia, Kirzistão e Bogúncia.

Deu no que deu.

A BrOi naufragou.

Por que dar o dinheiro ao Galotti, ao Andrade e ao Jereissati ?

Em nome de que ?

De sua proficiência empresarial, no setor de telecomunicações ?

Como, se eles afundaram a BROi ?

Quando este ordinário blogueiro propôs ao presidente do BNDES que a PHA Comunicação comprasse a Brasil Telecom, anunciou que dava R$ 1 a mais do que Andrade e Jereissati colocassem do próprio bolso.

E enunciou entre suas qualificações o fato de usar muito o telefone – o que o colocava em pé de igualdade com Andrade e Jereissati no quesito “conhecimento da tecnologia da industria”.

O que está em jogo, amigo navegante, não são os senhores Andrade ou Jeressaiti – que, de resto, como legítimos representantes do empresariado brasileiro, adoram o que os americanos chamam de “other peoples’ money” – o do Estado.

Andrade e Jereissati, através de Antonio Galotti, já tinham sugerido que a BrOi administrasse o Plano Nacional da Banda Larga pelo Governo, com módica remuneração do tamanho de sua divida.

Póóóóóde, amigo navegante ?

Póóóóóde ?

Rogério Santana, presidente a Telebrás, depositou a proposta no lugar apropriado: a lata do lixo.

Agora, é o velho truque de pedir ajuda ao povo brasileiro com o argumento: os estrangeiros estão aí !

Se não colar, virá o minueto do “basta de estatização !”, que vai ecoar pelo PiG (**) como um grito de guerra.

Há outra hipótese, amigo navegante.

Andrade e Jereissati, juntos, tem o controle acionário da BrOi (sem ter colocado um tusta do próprio bolso).

Os outros sócios – BNDES e fundos de pensão das estatais, como Previ, Petros e Funcef -, juntos, não tem como vender o controle da companhia.

Pense nessa hipótese, amigo navegante, se você, como eu, está preocupado com o dinheiro do Erário.

O Antonio Galotti foi ao Presidente Geisel e disse:

- General Presidente, eu tenho o controle acionário da Light. Ou o senhor me dá uma grana para eu continuar como o único empresário brasileiro do setor, ou eu vendo a Light aos portugueses ou ao mexicano.

É disso mesmo que se trata, amigo navegante.

O Dr Galotti vai vender a Light quebrada à Eletrobrás.

Ou ficar com a Light com o dinheiro que o General Geisel arrumar pra ele.

E quebrar, de novo, lá na frente.

Só, que, dessa vez, amigo navegante, espera-se que tudo isso seja feito à luz do dia, antes da Missa do Galo.

Paulo Henrique Amorim

(*) Antonio Galotti foi o notável presidente da Light, como homem de confiança dos proprietários canadenses. Galotti mandou numa parte do Brasil (e do PiG). E ajudou a financiar a queda do presidente Goulart. Ele sugou os brasileiros enquanto pôde, manipulou tarifas, obteve aval do Governo para empréstimos, e, quando a companhia quebrou, vendeu-a à Eletrobrás, na calada da noite, entre o Natal e o Ano Novo, nos últimos dias do Governo Geisel. Para se informar mais sobre como ele, hoje, preside a Oi, leia aqui.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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