segunda-feira, 12 de abril de 2010

Nós, os fedorentos...

Em uma aula de Psicologia da Educação, no 3º semestre do curso de História, a professora, provocou a turma, dizendo que, se quiséssemos realmente conhecer uma pessoa, bastava acompanhá-la a um estádio de futebol. O ambiente de arena, onde o socialmente tolerável já foram combates mortais e execuções, e hoje é palco de disputas, menos violentas, mas as reações dos expectadores são as mesmas. A excitação, a ebulição dos velhos instintos bestiais, faria com que víssemos de perto, a natureza selvagem, oculta sob a máscara dos ternos e gravatas. Veríamos, o verdadeiro homem.
Lembrei-me desse comentário, ao ver o vídeo abaixo, no qual uma repórter da Folha de São Paulo, Eliane Cantanhede, quase tem um orgasmo, enquanto fazia a cobertura do lançamento da campanha de Zé Pedágio, à presidência da República. Suas máscaras caíram, evidenciando o caráter não aceitável socialmente, dos discriminadores.
Emocionada e muito empolgada com o evento, como fica evidente ao transcorrer do vídeo, Eliane rasgou-se em elogios a "militância", levada a Brasília por "ônibus novinhos", e que de tantos que eram, parecia que não era o mesmo PSDB, parecia um "PSDB de massa".
Em meio ao furor do lançamento da candidatura de seu predileto, e do predileto de seu patrão, empolgada, excitada, como um torcedor fanático em um estádio de futebol, como se fora um Boris Casoy durante o intervalo de um telejornal desabafa: "de massa, Mas é de uma massa cheirosa".
"Uma massa cheirosa".
Nada de trabalhadores braçais, subalternos, suarentos, nordestinos, pobres, favelados, mas a "massa" cheirosa da elite do sudeste, da "locomotiva do país", e os cheirosos demo-tucanos de Brasília (ah, antes que esqueça, libertaram o "cheiroso" Arruda, ex-candidato a vice de Serra).
Aos "fedorentos", aos que pertencem aos "escalões mais baixos da escala do trabalho", aos que tem vergonha na cara, fica evidente a quem esses celerados referem-se quando exprimem seus "Brasis que podem mais": Voltar-se do Bolsa Família pro PROER, do Minha Casa, Minha Vida, pras desocupações à tiros, do Pro-Uni (fedorentos na universidade?), ao "Bolsa Daslu", de um Estado Desenvolvimentista a um Estado "desenvolvedor de fortunas/de cheirosos" (vide Daniel Dantas).
Esquece, a excitada e incoerente repórter, seus patrões e candidatos, que andam cheirando à "Daslu", porque apropriam-se de forma privada, do que nós, os fedorentos, criamos de forma coletiva.
Esquece que o arroxo de nossos salários, os bolsões de miséria criados pela meritocracia, nossas demissões, tornam-se perfumes nos "Closets" dos cheirosos.
"Fedorentos do Brasil, uni-vos!"

Abaixo o vídeo "o Orgasmo de Cantanhede", e texto do site Conversa Afiada (de novo, versátil e excelente visual), de Paulo Henrique Amorim:



O Conversa Afiada reproduz e-mail do amigo navegante Stanley Burburinho (quem será Stanley Burburinho ?).

A colonista (*) Eliane Cantanhêde da Folha (**) foi uma enviada especial à convenção da Ana Hickman que consagrou José Será como o segundo colocado nas eleições de 2010 (já no primeiro turno).

Clique aqui para ler “Serra é o fim do paulistismo da política brasileira”.

Não é de estranhar.

Cantanhêde sempre considerou Serra o candidato “mais consistente”.

Agora, percebe-se, deve ser o mais cheiroso.

O Brigadeiro Eduardo Gomes, que, como Serra, nunca passou dos 30%, chamou os adeptos da Dilma de “marmiteiros”.

Agora, eles são fedorentos.

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