segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vírus.

O comportamento predatório descrito no texto abaixo, extraído do blog Diário Gauche, me fez rever um termo, utilizado por Marco Aurélio Weissheimer, e copiado por mim em textos anteriores. Marco definiu o modelo de produção do latifúndio gaúcho, difundido por vários estados como "fúria empreendedora dos gafanhotos gaúchos".
Gafanhotos comem tudo o que vêem pela frente, mas não praticam a destruição total do ambiente por onde passam, como no exemplo abaixo, mas outra espécie, menorzinha, faz isso: Os vírus. Eles invadem as células, consomem-na, fazem com que ela produza mais vírus, e por fim a destroem, mais ou menos assim:
Grilheiro Arrasa tudo antes de deixar terra indígena

Quartiero é um devastador convicto

*Do blog Diário Gauche

O fazendeiro Paulo César Quartiero, maior produtor rural instalado no interior da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol, em Roraima, decidiu adotar a política da terra arrasada. Insatisfeito com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a sua saída daquela área até quinta-feira, ele está disposto a não deixar nada em pé. Nenhuma casa, galpão, curral, rede de eletricidade, sistema de irrigação, nada que possa ser utilizado pelos índios, que, na sexta-feira, devem tomar posse das duas fazendas que ele possui naquela área.
Ontem à tarde, na Fazenda Depósito, que fica a cerca de 170 quilômetros da capital, Boa Vista, a movimentação era intensa. Carretas enormes e fechadas deixavam a fazenda levando o rebanho da raça canchim que Quartiero possui, com quase cinco mil cabeças. Em outra parte, grupos de peões retiravam telhas, portas, esquadrias, estruturas metálicas, enfim, todo o material que pode ser aproveitado em outra obra. Logo atrás deles, vinha uma enorme retroescavadeira, derrubando paredes e revolvendo pisos (foto).
Quartiero é o maior produtor de arroz irrigado de Roraima, com índices de produtividade que se aproximam dos obtidos nos Estados do Sul.Ele também planta soja e cria gado. Mas não possui títulos legais das terras que começou a ocupar como grileiro, no final dos anos 70. De acordo com as leis do País, ele não tem direito a indenização pelas terras nas quais investiu pesadamente, devendo receber apenas pelas benfeitorias. Mas, ele contestou o valor avaliado pelo governo e se recusou a receber a primeira parcela depositada. A decisão de destruir tudo, cria um novo atrito com a Justiça e com o governo.
Técnicos da área ambiental que estiveram em sua fazenda o acusam de ter destruído matas ciliares, áreas de preservação permanente, além de ter poluído os rios. As multas chegam a R$ 36 milhões. Comentando sua saída, Quartiero disse: "Perdemos. Mas vamos sair de cabeça erguida. Quem vai ficar aqui são os fundamentalistas da Igreja Católica (numa referência ao Conselho Indigenista Missionário), a serviço dos interesses internacionais." As informações são do jornal Estadão.

Nota do blogueiro: O latifúndio não está acostumado à derrotas. E essa foi histórica. Esses seres (gafanhotos, vírus, empreendedores)sempre tiveram suas demandas atendidas prontamente por governos submissos às suas bancadas legislativas.
É de se esperar que as reações a uma derrota sejam dessa forma, travessa, infantil, mas terrivelmente devastadora.
E um posseiro, praticante dos crimes ambientais descritos no texto de Cristóvão Feil, ainda vai ser indenizado, pelas benfeitorias que deliberadamente destruiu.
Já passou da hora de rever os critérios, tanto de retirada desses invasores, como de desapropriação de imóveis improdutivos, que está se tornando um bom negócio pro latifúndio falido.

Nenhum comentário: