segunda-feira, 27 de abril de 2009

Recuerdos.

Era uma vez, um Estado onde todos queriam plantar uma espécie vegetal, que era vista como "investimento de alto retorno". E realmente dava, o governo pagava, os grandes proprietários plantavam, não pagavam o governo, que refinanciava a dívida, com juros subsidiados, e assim o lucro era grande.
Um belo dia, um emissário,de uma grande empresa extrangeira, que, de acordo com as más línguas, tinha produzido venenos que até hoje matam pessoas no Vietnã, trouxe ao Estado, uma invenção "revolucionária", algo que prometia aumentar ainda mais os lucros financiados dos proprietários, e locatários de terras: A soja geneticamente modificada, vulgarmente conhecida como Trangênica.
Os olhos brilharam, os bolsos coçaram, donos de consessionárias babavam ao imaginar o "compra e compra" de novos caminhonetões (também subsidiados) que a novidade possibilitaria.
Só tinha um pequeno probleminha, um minúsculo obstáculo: O plantio era ilegal. Só isso.
Pressionaram, moveram suas máquinas legislativas, foram ao rádio, à tv (grande parceira), aos jornais (que lhes deram amplos espaços). Mas não foi o suficiente para promover as mudanças na lei ambiental.
Só restava uma alternativa, traficar. E assim fizeram. Organizaram-se como verdadeiras quadrilhas, bandos, e trouxeram algo ilícito para ser plantado no país, com dinheiro público, como sempre.
Quando não havia mais como esconder, veio a próxima etapa do "crime perfeito", a chantagem ao governo: "Não quiseram liberar, plantamos de qualquer forma, agora se quer ver teu dinheiro de volta, deixa-nos vender".
E estava feita a lambança, o governo liberou a venda da produção ilícita. Alguns ganharam seus milhões e aos poucos as consequencias vão aparecendo.
Ambientalistas e militantes berravam, falavam sobre os possíveis males não estudados, sobre o risco de manter a produção nacional do grão, vinculado à uma única empresa, sobre a política de royalties dessas empresas e o domínio que elas teriam do processo produtivo brasileiro.
Agora esse bando se f....,digo, se deu mal. Sindicatos (aha) Rurais de três municípios do Rio Grande do Sul, Passo Fundo, Sertão e da minha cidade natal, Santiago, ingressaram com ação coletiva, visando o não pagamento dos royalties à Monsanto, empresa fornecedora das sementes, originalmente contrabandeadas, e agora, plantadas até em vasos de plantas, pelo país afora.
Vamos recapitular: Traficaram, plantaram contra a lei, chantagearam o governo para liberar a venda, venderam, plantaram de novo, e de novo, e agora querem dar o calote no fornecedor, porque o lucro diminuiu e já não dá mais pra trocar de caminhonete todo o ano.
É nessa hora que dá vontade de dizer, a plenos pulmões: Nós avisamos. Nós avisamos.

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