segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"O Governo Yeda ataca o funcionalismo, mas não a bandidagem"


A Marcha da Polícia Civil, que percorreu na tarde de hoje o trajeto do Palácio da Polícia até o Piratini, foi uma manifestação contra os baixos salários e a falta de condições de trabalho da categoria. "Recuperação da Segurança" era o slogan da manifestação. Ainda durante a caminhada, Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, declarou: "O governo Yeda ataca o funcionalismo mas não ataca a bandidagem". Ortiz deu alguns números: De cada mil ocorrências policiais, apenas 10 se transformam em inquérito, hoje, no Estado; os policiais estão há cinco meses sem receber hora-extra; há 1 milhão de inquéritos atrasados nas delegacias; e há horas já passamos dos mil homicídios sem que perceba uma reação a este dado aterrorizante.

Nas faixas que os policiais carregavam e nas manifestações feitas no caminhão de som, alguns recados à governadora:

Yeda vai ter que engolir o seu decreto (aquele que desconta os dias em que os funcionários estiverem em greve) .

Policiais civis repudiam o Decreto Lei 45959/08 que tenta desestabilizar a Polícia.

Yeda 143% / Polícia zero%

Nós, Yeda, é que pagamos o teu salário

Corrupção no Detran, corrupção na cultura, corrupção nos pedágios. Esses milhões fazem falta para a segurança. E falta explicar a casa da governadora.

Março: greve unificada dos servidores.

Mendes é o cão de guarda, o pitt bull da governadora, mas desta vez ele não botou a cara pra fora.

Apesar de botarem os brigadianos para bater no funcionalismo, sabemos que eles ganham um salário miserável.

Policiais da República de Santa Maria protestam contra a corrupção.
Em nome da bancada do PT, falou o deputado Elvino Bohn Gass: "Imaginem se vocês estivessem trabalhando normalmente nas suas delegacias. Não haveria uma solenidade no Palácio para anunciar este trabalho rotineiro que é a obrigação de cada um. Pois, hoje, a governadora fez uma solenidade para anunciar o 13º salário em dia, ou seja, para anunciar que ela não vai fazer mais do que a sua obrigação. Ela faz isso porque não tem notícia para dar sobre suas realizações, porque não pode fazer solenidade para dizer que mandou bater em servidores públicos. Precisamos ter nitidez de que o déficit zero que ela anunciou, significa serviço público zero".

Pelo PSOL, falou a deputada Luciana Genro: "Este é um governo desmoralizado pela corrupção, pelo desmonte da saúde, da segurança e da educação". Luciana Genro estava acompanhada da ex-senadora Heloísa Helena e do delegado federal Protógenes Queiroz cujo trabalho na Operação Satiagraha levou à prisão o banqueiro Daniel Dantas mas tem sido contestado por outros setores da Polícia Federal. Segundo a deputada, "Protógenes ousou mexer com o mais poderoso bandido do país que mantinha um império criminoso que tem seus tentáculos no Poder Judiciário com o presidente do Supremo (Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal) concedendo habeas corpus". Em seguida falou Protógenes, mas seu discurso estava mais para deputado do que para policial: "Podem contar comigo. Me chamem que estarei aqui".

Apesar do alto tom das manifestações, a Marcha da Polícia acabou sem incidentes. Antes do final, os organizadores ainda denunciaram a pressão exercida pelo Chefe da Polícia Civil no Estado, delegado Pedro Rodrigues, para que os policiais não participassem do protesto. Foi inútil. Mesmo com a ameaça da governadora de cortar-lhes o ponto, mais de 300 policiais de quase todas as regiões do Estado estiveram no ato. (Maneco)

Fotos: Kiko Machado
Texto extraído do blog RS URGENTE, professores e policiais civis em greve, contra as arbitrariedades de um governo que só tem olhos para os pedágios, empreendimentos ilegais, eucaliptos, os extratosféricos reajustes de seus quadros e, obviamente, os cofres públicos.

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