sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A paranóia da revanche.



Os "estreludos" do Clube Militar reagiram às declarações do Ministro da Justiça, Tarso Genro, da forma de sempre reducionismo, paranóia, descontextualização histórica, desvio de foco e apelo a amnésia coletiva.

De acordo com o presidente dessa entidade, o general da reserva Gilberto Figueiredo, toda e qualquer tentativa de rever, ou reinterpretar a "Lei da Auto-Anistia" seria revanchismo da esquerda. Uma forma de vingar-se das perseguições, prisões, exílos, estupros, torturas e assassinatos de militantes durante a ditadura.

Desafia ainda, obviamente sem revanchismos, o Governo Federal a abrir todos os arquivos do regime, que evidenciariam "o fato de que colegas de governo do ministro também cometeram crimes hediondos durante o regime". Essa declaração é deveras conveniente, uma vez que boa parte dessa documentação já foi destruída, e que Generais admitiram que guardam parte deles "embaixo do colchão", e imagino que não seja nada comprometedor.

O próprio discurso dos "salvadores da democracia" está mudando: "também cometeram crimes hediondos durante o regime" é uma clara confissão pública. Sendo que a justiça brasileira aceita a confissão como prova de culpa, essa delcaração já é um precedente para a abertura de inquéritos.

Revanche ou Justiça Histórica. Os conceitos podem se misturar facilmente na cabeça daqueles que comandaram torturas e assassinatos em nomes de ideais pretensamente "democráticos": A manutençaõ da ordem social vigente e o aprofundamento das desigualdades sociais, com toda a benesse do Estado às elites conservadoras e toda a sua ira pra com aqueles que não baixaram a cabeça, e não passaram esses vinte anos sombrios em posição de sentido.

Nossos vizinhos argentinos estão acertado as contas com seu passado, levando a julgamento e a prisão líderes e executores da política terrorista de sua última ditadura, enquanto nós ainda elegemos os nossos como representantes do povo, os vemos discursando livremente pelas telas das emissoras de tv que eles construíram ou deram suporte econômico, e que hoje retribuem o favor, lhes dando suporte político.

Segundo o Procurador Federal Marlon Weichert, " O Brasil é passível de condenação em qualquer corte internacional de direitos humanos por não revogar a Lei da Anistia ".

A Lei da Anistia, o nosso acordo para o esquecimento, a velha fórmula mágica brasileira de varrer tudo pra debaixo do tapete, que tantas vezes na História desse país promoveu injustiças impensáveis, está finalmente sendo rediscutida com alguma seriedade. É hora de fazer valer a nossa jovem liberdade, e prestar contas com esse lamentável passado.


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